A Fase de cultura neolítica chegou ao seu fim, em algumas partes
do mundo, pouco depois de 5.000 a.C. Parece ter desaparecido no
vale do Nilo antes que em qualquer outro lugar, mas a área
banhada pelos rios Tigre e Eufrates não ficou muito atrás. O
declínio da cultura neolítica marcou o fim do que chamamos
período pré-literário na história do homem. Foi substituido
gradualmente por padrões mais complexos de cultura, baseados
no conhecimento da escrita e comumente chamados civilizações.
Mas a invenção da escrita não foi a única feição distintiva dessa
nova ordem. Os instrumentos de pedra foram quase inteiramente
suplantados por utensílios de bronze e outros metais. Além disso,
calendários foram inventados; a religião, o estado e outras
instituições desenvolveram-se em mais alto grau; a arte tornou-se
mais refinada e houve avanços consideráveis na ciência e, por fim,
no comércio e na indústria. Os progressos em tal terreno parecem
ter sido muito rápidos no Egito; não somente isso, senão que
também as realizações dos egípcios lançaram os alicerces de
grande parte do trabalho de outros povos. É conveniente, portanto,
que comecemos o nosso estudo das culturas históricas pelo
aparecimento da civilização nas margens do Nilo.
O período pré-dinástico
Uma vez que não houve, até mais ou menos 3.200 a.C., um estado unificado duradouro no vale do Nilo, os séculos que vão de 4.000 a 3.200 são conhecidos como período pré-dinástico. Na parte inicial do período vamos encontrar a região dividida em certo número de cidades-estados ou "nomos", cada um deles independente, embora, é claro, cooperando com os demais quanto aos fins econômicos. Logo após o começo do quarto milênio deu-se uma fusão de estados que levou à formação de dois grandes reinos um ao norte e outro ao sul. Ninguém sabe como ocorreram essas consolidações, mas é possível que se tenham efetuado por acordo voluntário ou aquiescência pacífica ao governo de um soberano capaz. São escassos os indícios de conquista militar. Esses reinos duraram até o fim do período, se bem que pareçam ter estado unidos por breve espaço de tempo, logo depois da sua fundação.
A compleição racial do Egito pré-dinástico era essencialmente a
mesma que se observa em épocas posteriores. Os habitantes
pertenciam ao ramo mediterrâneo da raça caucásica. Eram baixos,
de tez escura, cabeça alongada, cabelos lisos e pretos, olhos
fundos e nariz levemente aquilino. Alguns mostravam traços de
cruzamentos negróides e líbios e, possivelmente, de sangue
semita ou de outros povos da Ásia Ocidental.
O período pré-dinástico não foi de nenhum modo insignificante na
história cultural do Egito. Houve notáveis progressos nas artes e
ofícios, e até mesmo em algumas ciências. Instrumentos, armas e
ornamentos eram habilmente confeccionados de pedra, cobre e
ouro. Descobriram-se novos processos de acabamento, vidragem
e decoração dos artefatos de cerâmica, o que habilitou os egípcios
desse período a fazer vasilhas de utilidade e excelência artística
não inferior às de quaisquer outras produzidas pelos seus
descendentes de época mais adiantada. Outras realizações
importantes foram o desenvolvimento de um sistema eficiente de
irrigação, o saneamento de terras pantanosas e a confecção de
tecidos de linho de qualidade verdadeiramente superior.
Mas isso não é tudo. Há testemunhos de que os egípcios do
período pré-dinástico desenvolveram um sistema de leis baseado
nos costumes, sistema esse cercado de tamanho prestígio que
mais tarde se impôs ao próprio faraó. Parece ter também entrado
em uso um sistema de escrita. Apesar de nunca se ter encontrado
um exemplar de tal escrita, os espécimes que possuímos da
Primeira Dinastia são de natureza tão complexa que devem ter-se
originado muito tempo antes. Os egípcios desse período
inventaram, ainda. o primeiro calendário solar da história do
homem. Parece ter-se baseado no reaparecimento anual da
estrela Sírius e dividia o ano em doze meses de trinta dias cada
um, com cinco dias de festa adicionados ao fim de cada ano. De
acordo com o cômputo dos egiptólogos modernos, esse calendário
foi posto em vigor por volta de 4.200 a.C. A existência de um
calendário exato nessa época prova que a matemática, e
possivelmente as demais ciências, já haviam alcançado um grau
considerável de desenvolvimento.
Estrutura política
O primeiro faraó do Egito unificado foi Menés, fase conhecida como "Antigo Império", no qual foram construídas grandes pirâmides - Quéops, Quéfren e Miquerinos.
A fase posterior conhecida como "Médio Império" foi um período marcado pela expansão territorial - os egípcios conquistaram Núbia.
Apesar do grande desenvolvimento, o reino sofria com revoltas internas e guerras, o que acabou por enfraquecê-lo, facilitando a invasão dos hicsos, povo asiático, que governou o Egito por aproximadamente 150 anos (a vitória desse povo aconteceu pelo uso de cavalos e carros de combate, até então desconhecido pelos egípcios).
A última fase política do Egito iniciou após a expulsão dos hicsos é conhecida como "Novo Império". Período marcado por uma política expansionista com a conquista da Síria, Fenícia e Palestina e reconquista da Núbia. Neste momento o governo cobra pesados tributos dos povos conquistados.
A cobrança desses impostos mais o controle de importantes rotas comerciais enriqueceram o faraó, os chefes militares e os sacerdotes.
O restante da população, empobrecida obrigada a servir a infantaria somada às ondas de sublevações dos povos conquistados debilitaram o reino permitindo a invasão do território primeiro pelos núbios, depois pelos assírios e persas. Foi a perda definitiva da autonomia política.
Em 332 a.C. o território foi invadido pelas tropas de Alexandre Magno e incorporado ao Império Macedônico.
Após a morte de Alexandre, o Egito passou a ser governado por Ptolomeu Lago, general de Alexandre dando início a dinastia lágida, que governou por quase trezentos anos. A rainha Cleópatra foi a última governante dessa dinastia antes do domínio romano, em 31 a.C..
A religião egípcia
Os egípcios eram politeístas (acreditavam em vários deuses). De acordo com este povo, os deuses possuíam poderes específicos e atuavam na vida das pessoas.
Os deuses do antigo Egito, foram Faraós que reinaram no período pré dinástico. Assim, os mitos foram inspirados em histórias que aconteceram de verdade, milhares de anos antes. Para a cultura do antigo Egito o casamento consangüíneo tinha o sentido de complementaridade, unir céu e terra, seco e úmido, por essa razão diversos deuses eram irmãos que se casavam entre si.
Osiris foi o primeiro Faraó e, que com o passar do tempo foi divinizado. Seu reinado em vida marcou uma época de prosperidade e ao morrer passou a ser o soberano do reino dos mortos.
Os egípcios representavam os deuses com o corpo formado por parte humana e parte de animal sagrado. Anúbis, por exemplo, deus da morte, era representado com cabeça de chacal num corpo de ser humano. Faziam rituais e oferendas aos deuses imaginavam que assim os agradavam e conseguiriam ajuda em suas vidas.
No Egito Antigo existiam diversos templos, que eram construídos em homenagem aos deuses. Cada cidade possuía um deus protetor.
Outra característica importante da religião egípcia era a crença na vida após a morte. De acordo com esta crença, o morto era julgado no Tribunal de Osíris. O coração era pesado e, de acordo com o que havia feito em vida, receberia um julgamento. Para os bons havia uma espécie de paraíso, para os negativos, Ammut devoraria o coração.
Deuses Egípcios
Rá
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Sol (principal deus da religião egípcia)
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Ptah
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obras feitas em pedra
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Toth
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sabedoria, conhecimento, representante da Lua
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Seth
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tempestade, mal, desordem e violência
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Anúbis
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os mortos e o submundo
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Sobek
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paciência, astúcia
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Bastet
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fertilidade, protetora das mulheres grávidas
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Osíris
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vida após a morte, vegetação
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Hathor
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amor, alegria, dança, vinho, festas
|
Ísis
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amor, magia
| |
Hórus
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céu
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Tefnut
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nuvem e umidade
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Khnum
|
criatividade, controlador das águas do rio Nilo
|
Chu
|
ar seco, luz do sol
| |
Maet
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justiça e equilíbrio
|
Geb
|
terra
|
I. Ciência
No campo das ciências os egípcios desenvolveram principalmente a aritmética, a astronomia e a medicina. A ciência procurava resolver problemas práticos, como controle das inundações, construção do sistema hidráulico, preparação da terra, combate as doenças etc. Preocupados com os fenômenos da natureza, os egípcios ao desenvolver a astronomia, criaram um calendário baseado no movimento do sol. Por esse calendário, o ano era dividido em 12 meses de 30 dias e mais 5 dias de festas, que eram adicionados no final para completar os 365 dias anuais.
Os egípcios pouco fizeram em outros campos científicos. Apesar
de serem realizado façanhas de engenharia que rivalizam com a
perícia da mecânica moderna, seus conhecimentos de física eram
os mais rudimentares possíveis. Conheciam o princípio do plano
inclinado, mas ignoravam a roldana e, provavelmente, também, o
rolo. Embora fosse pequeno o seu conhecimento de química, ao
menos deram o nome a essa ciência. Deve também ser
consignado, em seu favor, um considerável progresso na
metalurgia, a invenção do relógio de sol e do de água, o fabrico do
papel e do vidro. Com todas as suas deficiências como cientistas
puros, igualaram realmente os romanos nas realizações práticas e
foram muito além dos hebreus e dos persas.
II. Escrita e Literatura
Os egípcios desenvolveram sua primeira forma de escrita no
período pré-dinástico. Esse sistema, conhecido como hieroglífico
(termo derivado do grego, significando gravura sagrada), foi
inicialmente composto de sinais pictográficos para designar objetos
concretos. Gradualmente alguns desses sinais tomaram um
sentido convencional e foram usados para representar conceitos
abstratos. Outros caracteres foram introduzidos para designar
sílabas separadas, que podiam ser combinadas para formar
palavras. Finalmente foram adicionados, logo no início do Antigo
Império, vinte e quatro símbolos, representando cada um deles um
único fonema consonantal da voz humana. Assim o sistema
hieroglífico de escrita, em época bem remota, veio a incluir três
tipos separados de caracteres: pictográficos, silábicos e
alfabéticos.
A literatura egípcia era em grande parte filosófica e religiosa. O
primeiro tipo já foi discutido. Sem dúvida, os melhores
representantes do segundo foram o Drama Menfítico, o Hino ao
Rei-Sol, de Ikhnáton, e os hinos de devoção pessoal que
sobreviveram do período do Novo Império. O Drama Menfítico,
escrito por volta de 3.000 a.C., é um diálogo teológico no qual
vários deuses discorrem sobre as doutrinas da religião solar. O
objeto desse trabalho, aparentemente, era promover a adoração
nacional do rei-sol Re. Seu tema predominante é a idéia que Re é
o árbitro do destino humano, o autor do bem e o doador de vida ao
"pacífico" e de morte "ao culpado". O Hino de Ikhnáton, composto
pelo grande faraó reformador do século XIV a.C., é uma ode
magnífica em louvor da majestade, da providência e da justiça de
Áton, o "único deus perante o qual nenhum outro existe". Constitui
a suprema expressão do conceito egípcio do monoteísmo
universal.
Vida social e econômica
Durante a maior parte da história do Egito a população esteve
dividida em cinco classes: a família real; os sacerdotes; os nobres;
a classe média dos escribas, mercadores, artífices e lavradores; e,
por último, a classe dos servos. No Novo Império foi adicionada
uma sexta classe - a dos soldados profissionais, que se situavam
imediatamente abaixo dos nobres. Nesse período foram também
capturados milhares de escravos, e estes, durante certo tempo,
formaram uma sétima classe. Desprezados tanto pelos homens
livres como pelos servos, eram forçados a trabalhar nas pedreiras
do governo e nas terras pertencentes aos templos. Aos poucos, no
entanto, foram sendo alistados no exército e até no serviço pessoal
do faraó. Desse modo, deixaram de constituir uma classe
separada. A posição relativa das várias classes da sociedade
mudava de tempos em tempos. No Antigo Império, os nobres e os
sacerdotes tinham a supremacia entre todos os súditos do faraó.
No Médio Império, foi a vez da classe comum. Escribas,
mercadores, artífices e servos rebelaram-se contra os nobres e
arrebataram concessões do governo. É especialmente digno de
nota o papel preponderante que mercadores e indústrias
desempenharam nesse período. A fundação do império
propriamente dito, acompanhada, como foi, pela extensão das
funções administrativas, deu origem à ascendência de uma nova
nobiliarquia, formada principalmente por burocratas. O poder dos
sacerdotes também cresceu com o desenvolvimento da magia e
da superstição.
As realizações egípcias e sua importância para nós
Poucas civilizações antigas soprepujam a egípcia em importância
para o mundo moderno. Mesmo a influência dos hebreus não teve
maior extensão. Da terra dos faraós vieram o germe e o estímulo
de numerosas conquistas intelectuais dos tempos posteriores. A
filosofia, a aritmética, a geometria, a astronomia, a escrita e a
literatura tiveram seu marco inicial nessa época. Os egípcios
desenvolveram, também, um dos mais antigos sistemas de
jurisprudência e de teoria política. Aperfeiçoaram as conquistas
práticas da irrigação e da engenharia, o fabrico de cerâmica, vidro
e papel. Foram o primeiro povo a ter uma clara concepção da arte
com fins outros que não os utilitários, e estabeleceram princípios
arquitetônicos destinados a largo uso no futuro. Entre eles são
notáveis a coluna, a colunata, o obelisco e o clerestório.
De maior significação ainda foram as contribuições egípcias no
campo da religião e da ética individual e social. Com exceção dos
persas, os habitantes das margens do Nilo foram o único povo do
mundo antigo a erigir uma religião nacional em torno da doutrina
da imortalidade da alma. Tanto os sacerdotes como os sábios
egípcios foram os primeiros a pregar o monoteísmo universal, a
providência divina, o perdão dos pecados e as recompensas e
punições depois da morte. A teoria ética egípcia foi a fonte na qual
várias nações foram buscar suas normas de moralidade pessoal e
social, pois ela compreendia não somente a condenação do
assassínio, do furto e do adultério, mas incluía, também, elevadas
concepções de justiça, de benevolência e da igualdade de todos
os homens.
Tão impressionante é o vulto das realizações egípcias que alguns
historiadores, ardentes admiradores dessa cultura, chegaram à
conclusão de que as civilizações posteriores se distinguiram
principalmente pela sua falta de originalidade. De acordo com esse
ponto de vista, os seres humanos nos últimos 3.000 anos pouco
mais fizeram do que copiar e adaptar conhecimentos e
descobertas herdadas do Egito. Pretende-se ter sido o vale do Nilo
o nascedouro de cada instituição e crença Que veio ocupar
posição de importância fundamental na cultura das épocas mais
recentes. Vêem-se ali a fonte das doutrinas básicas de todas as
grandes religiões do mundo, os princípios do direito e da
moralidade, os fundamentos do progresso científico (as formas de
organização econômica. Presenteados com uma herança tão rica,
todos os povos subseqüentes seguiram o caminho do menor
esforço e se contentaram em aplicar o que lhes foi transmitido pelo
passado. Em última análise, tudo é explicado como sendo de
origem egípcia. Embora seja essa interpretação claramente
exagerada, pode prestar serviço prevenindo-nos contra uma
possível subestima das contribuições duradouras da civilização
egípcia.
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