Fim do Império Romano
Por volta do século III, o império romano passava por uma enorme crise econômica e
política. A corrupção dentro do governo e os gastos com luxo retiraram recursos para o
investimento no exército romano. Com o fim das conquistas territoriais, diminuiu o
número de escravos, provocando uma queda na produção agrícola. Na mesma
proporção, caia o pagamento de tributos originados das províncias. Em crise e com o
exército enfraquecido, as fronteiras ficavam a cada dia mais desprotegidas. Muitos
soldados, sem receber salário, deixavam suas obrigações militares. Os povos
germânicos, tratados como bárbaros pelos romanos, estavam forçando a penetração
pelas fronteiras do norte do império. No ano de 395, o imperador Teodósio resolve
dividir o império em : Império Romano do Ocidente, com capital em Roma e Império
Romano do Oriente (Império Bizantino), com capital em Constantinopla. Em 476,
chega ao fim o Império Romano do Ocidente, após a invasão de diversos povos
bárbaros, entre eles, visigodos, vândalos, burgúndios, suevos, saxões, ostrogodos,
hunos etc. Era o fim da Antiguidade e início de uma nova época chamada de Idade
Média.
O período foi tradicionalmente delimitado com ênfase em eventos políticos. Nesses
termos, ele teria se iniciado com a desintegração do Império Romano do Ocidente, no
século V (476 d.C.), e terminado com o fim do Império Romano do Oriente, com a
Queda de Constantinopla, no século XV (1453 d.C.).
A era medieval pode também ser subdividida em períodos menores, num dos modos
de classificação mais populares ela é separada em dois períodos:
1. Alta Idade Média, que decorre do século V ao X;
2. Baixa Idade Média, que se estende do século XI ao XV.
Feudalismo
O feudalismo foi um modo de produção baseado nas relações servo-contratuais
(servis) de produção. Tem suas origens na desintegração da escravidão romana.
Predominou na Europa durante a Idade Média. Segundo o teórico escocês do
iluminismo, Lorde Kames, o feudalismo é geralmente precedido pelo nomadismo e em
certas zonas do mundo pode ser sucedido pelo capitalismo.
Com a decadência e a destruição do Império Romano do Ocidente, por volta do século
V d.C. (de 401 a 500), como conseqüência das inúmeras invasões dos povos bárbaros
e das más políticas econômicas dos imperadores, várias regiões da Europa passaram a
apresentar baixa densidade populacional e baixo desenvolvimento urbano. Isso ocorria
devido às mortes provocadas pelas guerras, às doenças e à insegurança existentes
logo após o fim do Império Romano.
A partir do século V d.C., entra-se na chamada
Idade Média, mas o sistema feudal (Feudalismo) somente passa a vigorar em alguns
países da Europa Ocidental a partir do século IX d.C., aproximadamente.
O esfacelamento do Império Romano do Ocidente e as invasões bárbaras em diversas
regiões da Europa favoreceram sensivelmente as mudanças econômicas e sociais que
vão sendo introduzidas, principalmente na Europa Ocidental, e que alteram
completamente o sistema de propriedade e de produção característicos da
Antigüidade. Essas mudanças acabam revelando um novo sistema econômico, político
e social que veio a se chamar Feudalismo. O Feudalismo não coincide com o início da
Idade Média (século V d.C.), porque esse sistema começa a ser delineado alguns
séculos antes do início dessa etapa histórica (mais precisamente, durante o inicio do
século IV), consolidando-se definitivamente ao término do Império Carolíngio, no
século IX d.C.
Em suma, com a decadência do Império Romano e as invasões bárbaras, os nobres
romanos começaram a se afastar das cidades levando consigo camponeses(com medo
de serem saqueados ou escravizados). Já na Idade Média, com vários povos bárbaros
dominando a Europa Medieval, foi impossível unirem-se entre si e entre os
descendentes de nobres romanos, que eram donos de pequenos agrupamentos de
terra. E com as reformas culturais ocorridas nesse meio-tempo, começou a surgir à
idéia de um nova economia: o feudalismo.
A formação do feudalismo
Europa Ocidental: Os germanos ocupam a Europa Ocidental e para lá levam seus
hábitos, costumes e leis. O longo período entre os séculos V e IX é de transição entre o
Antigo Escravismo e o Feudalismo. Nesse período, o comércio, já decadente desde a
crise do Império Romano do Ocidente, declina ainda mais, em função dos ataques de
sarracenos (árabes), magiares (húngaros) e vikings (nórdicos), naquilo que foi
denominado de Novas Invasões. As cidades desaparecem ou reduzem suas atividades.
Apenas as cidades italianas, como Veneza e Gênova, mantêm o comércio a longa
distância através do mar Mediterrâneo. A economia é agrária, voltada para o consumo.
A autoridade central esfacelou-se e, na mesma proporção, consolidou-se uma
transferência de soberanias, privatizando-se forças militares locais e regionais, a
instituição e arrecadação de tributos, a aplicação da justiça, etc.
O Feudalismo vem da fusão de duas culturas: a Germânica e a Romana. O elemento
principal da cultura Germânica era o Comitatus. O elemento principal da cultura
Romana era o Colonato.
Oriente: No Mediterrâneo oriental, o Império Romano do Oriente teve continuidade
com o nome de Império Bizantino, que desenvolveu um intenso comércio e só
desapareceu no século XV, quando sua capital, Constantinopla, foi ocupada pelos
turcos. Surge também no Oriente um outro império, o Império Árabe, Muçulmano ou
Islâmico, que tem sua origem na Arábia no século VII, e se expande para o Oriente,
ocupando a Pérsia e a Síria, e para o Ocidente, ocupando o Egito e outros países do
norte da África, chegando até a Península Ibérica, na Europa. O Império Árabe
também desenvolveu intensa atividade comercial.
Transformações da sociedade feudal (séculos XII e XIII) na Europa Ocidental: A
Europa procura conquistar territórios no Oriente, por meio das Cruzadas. As antigas
cidades européias começam a renascer. Desenvolve-se o comércio. A sociedade feudal
começa a se transformar.
A Sociedade feudal
A sociedade feudal era composta por três estamentos (três grupos sociais com status
fixo): os clérigos, os senhores feudais e os servos.
* Os clérigos tinham como função oficial rezar. Na prática, exerciam grande poder
político sobre uma sociedade bastante religiosa, onde o conceito de separação entre a
religião e a política era desconhecido.
* Os senhores feudais (também chamados de nobres) tinham como principal função
guerrear, além de exercer considerável poder político sob as demais classes.
* Os servos, constituídos pela maior parte da população camponesa, presos a terra
e sofrendo intensa exploração, eram obrigados a prestar serviços ao senhor e a pagarlhe
diversos tributos em troca da permissão de uso da terra e de proteção militar.
Embora geralmente se considere que a vida dos camponeses fosse miserável, a
palavra "escravo" seria imprópria. A produção dessa sociedade era de subsistência e
marcada por pouca atividade comercial.
Essa descrição da vida feudal que retrata os servos invariavelmente como vítimas de
uma vida miserável e opressiva é um bordão que vem sendo desafiado ou relativizado
por estudos contemporâneos. Por exemplo: estudos indicam que os habitantes do
norte da Europa que viveram na Alta Idade Média entre os anos 800 e 1100 tinham,
em média, 173,4 centímetros de altura; ou seja, eram apenas 5 centímetros mais
baixos que seus descendentes de hoje. Esses nórdicos medievais também eram
significativamente mais altos do que os que viveram, por exemplo, durante a
Revolução Industrial quando a altura média era de 169 centímetros. A altura média de
uma população é considerada um forte indicador de sua saúde e qualidade de vida [1].
As principais obrigações servis consistiam em:
* Corvéia: trabalho gratuito nas terras do senhor em alguns dias da semana;
* Talha: porcentagem da produção das tenências;
* Banalidade: tributo cobrado pelo uso de instrumentos ou bens do feudo, como o
moinho, o forno, o celeiro, as pontes;
* Capitação: imposto pago por cada membro da família servil (por cabeça);
* Tostão de Pedro ou dízimo: imposto10% da produção do servo era pago à Igreja,
utilizado para a manutenção da capela local;
* Censo: tributo que os vilões deviam pagar, em dinheiro, para o senhor feudal;
* Taxa de Justiça: os servos e os vilões deviam pagar para serem julgados no
tribunal do senhor feudal;
* Taxa de casamento: quando o senhor feudal resolvia se casar , todo servo era
obrigado a pagar uma taxa para ajudar no casamento, era também valida para quando
um parente do senhor feudal iria casar.
* Mão Morta: Era o pagamento de uma taxa para a permanecer no feudo da família
servil, em caso do falecimento do pai da família.
Muitas cidades européias da Idade Média tornaram-se livres das relações servis e do
predomínio dos senhores feudais. Essas cidades chamavam-se burgos. Por motivos
políticos, os "burgueses" (habitantes dos burgos) recebiam freqüentemente o apoio
dos reis, que muitas vezes estavam em conflito com os senhores feudais. Na língua
alemã, o ditado Stadtluft macht frei ("O ar da cidade liberta") ilustra este fenômeno.
Em Bruges, por exemplo, conta-se que uma certa vez um servo escapou da comitiva
do conde de Flandres e fugiu por entre a multidão. Ao tentar reagir e ordenar que
perseguissem o fugitivo, o conde foi vaiado pelos "burgueses" e obrigado a sair da
cidade, em defesa do servo, que se tornou livre deste modo.
* Terra:
a)Reserva senhorial (ou manso senhorial) --- lugar onde ficavam os castelos e os
domínios em uso pelo senhor feudal.
b)Manso servil --- lugar cedido para o servo.
c)Bosques e florestas (ou manso comum) --- eram destinados para a caça (nobres) e
era aí que os servos colhiam frutas, cortavam lenha e levavam seus animais para
pastar.
Poder ideológico-igreja católica e controle da sociedade pela religião.
A igreja foi à única instituição que manteve-se forte após a queda do Império Romano
Economia e propriedade
O modo de produção feudal próprio do Ocidente europeu tinha por base a economia
agrária, de escassa circulação monetária, auto-suficiente. A propriedade feudal
pertencia a uma camada privilegiada, composta pelos senhores feudais, altos
dignitários da Igreja (o clero) e longínquos descendentes dos chefes tribais
germânicos.
As estimativas de renda per capita da Europa feudal a colocam em um nível muito
próximo ao mínimo de subsistência.
A principal unidade econômica de produção era o feudo, que se dividia em três partes
distintas: a propriedade individual do senhor, chamada manso senhorial ou domínio,
no interior da qual se eregia um castelo fortificado; o manso servil, que correspondia à
porção de terras arrendadas aos camponeses e era dividido em lotes denominados
tenências; e ainda o manso comunal, constituído por terras coletivas –-- pastos e
bosques --- , usadas tanto pelo senhor quanto pelos servos.
Devido ao caráter expropriador do sistema feudal, o servo não se sentia estimulado a
aumentar a produção com inovações tecnológicas --– porém não para si, mas para o
senhor. Por isso, o desenvolvimento técnico foi pequeno, limitando aumentos de
produtividade. A principal técnica adotada foi à agricultura dos três campos, que
evitava o esgotamento do solo, mantendo a fertilidade da terra.
Ascensão e queda do sistema
O feudalismo europeu apresenta, portanto, fases bem diversas entre o século IX,
quando os pequenos agricultores são impelidos a se proteger dos inimigos junto aos
castelos, e o século XIII, quando o mundo feudal conhece seu apogeu, para declinar a
seguir.
No século X, o sistema ainda está em formação e os laços feudais unem apenas os
proprietários rurais e os antigos altos funcionários Carolíngios. Entre os camponeses
ainda há numerosos grupos livres, com propriedades independentes. A hierarquia
social não apresenta a rigidez que a caracterizaria posteriormente, e a ética feudal não
está plenamente estabelecida.
Entretanto, a partir do ano 1000, até cerca de 1150, o Feudalismo entra em ascensão.
O sistema define seus elementos básicos. A exploração camponesa torna-se intensa,
concentrada em certas regiões superpovoadas, deixando áreas extensas de espaços
vazios. Surgem novas técnicas de cultivo, novas formas de utilização dos animais e
das carroças. Porém, a partir do século XI, também há um renascimento do comércio e
um aumento da circulação monetária, o que valoriza a importância social das cidades e
suas comunas. E, com as Cruzadas, esboça-se uma abertura para o mundo,
quebrando-se o isolamento do feudo. Com o restabelecimento do comércio com o
Oriente próximo e o desenvolvimento das grandes cidades, começam a ser minadas as
bases da organização feudal, na medida em que aumenta a demanda de produtos
agrícolas para o abastecimento da população urbana. Isso eleva o preço dessas
mercadorias, permitindo aos camponeses maiores fundos para a compra de sua
liberdade. Ao mesmo tempo, a expansão do comércio e da indústria cria novas
oportunidades de trabalho, atraindo os servos para as cidades.
Esses acontecimentos, aliados à formação dos exércitos profissionais, à insurreição
camponesa, contribuíram para o declínio do feudalismo europeu. Na França, nos Países
Baixos e na Itália, seu desaparecimento começa a se manifestar no final do século
XIII. Na Alemanha e na Inglaterra, entretanto, ele ainda permanece mais tempo,
extinguindo-se totalmente na Europa ocidental por volta de 1500. Em partes da Europa
central e oriental, porém, alguns remanescentes resistem até meados do século XIX.
Império Bizantino
Império Bizantino ou Reinado Bizantino, inicialmente
conhecido como Império Romano do Oriente ou Reinado Romano do Oriente, sucedeu
o Império Romano (cerca de 395) como o império e reinado dominante do Mar
Mediterrâneo. Sob Justiniano, considerado o último grande imperador romano,
dominava áreas no atual Marrocos, Cartago, sul da França e da Itália, bem como suas
ilhas, Península Balcânica, Anatólia, Egito, Oriente Próximo e a Península da Criméia,
no Mar Negro. Sob a perspectiva ocidental, não é errado inserir o Império Bizantino no
estudo da Idade Média, mas, a rigor, ele viveu uma extensão da Idade Antiga. Os
historiadores especializados em Bizâncio em geral concordam que seu apogeu se deu
com o grande imperador da dinastia Macedônica, Basílio II Bulgaroctonos (MataBúlgaros),
no início do século IX. A sua regressão territorial gradual delineou a história
da Europa medieval, e sua queda, em 1453, frente aos turcos otomanos, marcou o fim
da Idade Média.
O embrião do Império Bizantino surgiu quando o imperador romano Constantino
decidiu construir sobre a antiga cidade grega de Bizâncio uma nova capital para o
Império Romano, mais próxima às rotas comerciais que ligavam o Mar Mediterrâneo ao
Mar Negro, e a Europa à Ásia. Além disso, havia muito os imperadores de Roma já não
mais usavam esta cidade como capital, por ser muito distante das fronteiras. Em geral,
eles tendiam a escolher Milão, mas as fronteiras que estavam em perigo na época de
Constantino eram as da Pérsia ao Leste e as do Danúbio ao norte, muito mais
próximas da região dos estreitos. A nova capital, batizada de Constantinopla, unia a
organização urbana de Roma à arquitetura e arte gregas, com claras influências
orientais. É uma cidade estrategicamente muito bem localizada, e sua resistência a
dezenas de cercos prova a boa escolha de Constantino.
Em pouco tempo, a cidade
renovada tornar-se-ia uma das mais movimentadas e cosmopolitas de sua época. Sua
religião, língua e cultura eram essencialmente gregas, e não romanas, mas para os
bizantinos a palavra grego significava, de maneira injuriosa, pagão. Os persas e os
árabes também chamavam os bizantinos de romanos. A palavra bizantino vem de
Bizâncio, o antigo nome da capital bizantina, Constantinopla. Este termo bizantino
começou a ser utilizado somente depois do século XVII, quando os historiadores o
criaram para fazer uma distinção entre o império da Idade Média e o da Antiguidade.
Evolução
O Império Bizantino, 1265. The Historical Atlas, William R. Shepherd, 1911.
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Nos séculos III, IV e V, o Império Romano viveu uma desastrosa crise em suas
estruturas. Nesse período, ocorreu um notável processo de concentração de terras no
Oriente, em que os pequenos proprietários confiavam seus lotes à proteção de
latifundiários, muitos dos quais, em função do prestígio, passavam a ocupar
importantes cargos do governo.
Já se destacava a estabilidade do Império no Oriente, o que levou Constantino a
ordenar, em 324, a construção de uma nova cidade no lado europeu do Bósforo. A
cidade foi erguida no local da antiga Bizâncio, colônia fundada por gregos de Mégara
em 657 a.C. Consagrada à Virgem Maria, foi inaugurada com o nome de
Constantinopla, em 330.
Constantinopla tinha uma posição privilegiada. Entre os mares de Mármara, Negro e
Egeu, constituiu, ao longo de sua história, um verdadeiro entreposto comercial entre o
Ocidente e o Oriente.
Dinastias latinas
Nesse período, os imperadores buscaram combater o helenismo, predominando as
instituições latinas. O latim também foi mantido como língua oficial.
De 395 a 457, estendeu-se à dinastia Teodosiana, cujo primeiro imperador foi Arcádio,
responsável pela expulsão dos visigodos no final do século IV. Destacou-se também o
cerco de Átila, o Huno, afastado, em 443, por meio do pagamento de um resgate de
seis mil libras de ouro.
De 457 a 518, estendeu-se à dinastia Leonina que foi deposta em 477 mais somente o
Imperador Basilisco ou (Bizâncio) e foi restaurada em 491 por Anastácio I um de seus
herdeiros, na qual destacou-se, em 488, o acordo de combate aos hérulos levado a
efeito entre o imperador Zenão e o rei dos ostrogodos, Teodorico.
A mais importante dinastia latina foi a Justiniana (518-610). Nela, o imperador
Justiniano (527-565) buscou restaurar e dispor sob sua inteira autoridade a vastidão
típica do Império dos Antoninos (96-192).
Em 534, sob o comando do general
Belizário, o exército de Justiniano conquistou o Reino dos Vândalos. Em 554, na Itália,
o Império abraçava também o Reino dos Ostrogodos.
Para a posteridade, porém, o maior legado desse período foi o Corpus Juris Civilis,
base, ainda hoje, da maioria dos códigos legislativos do mundo. O Corpus Juris Civilis
era dividido em quatro partes: o Código Justiniano - compilação de todas as leis
romanas desde Adriano (117-138) -, o Digesto ou Pandectas - reunião de trabalhos de
jurisprudência de grandes juristas -, as Institutas - espécie de manual que facilitava o
uso do Código ou do Digesto -, e as Novelas ou Autênticas - novas leis decretadas por
Justiniano e seus sucessores.
Justiniano ordenou também a construção da Basílica de Santa Sofia, com estilo
arquitetônico próprio, o qual convencionou-se chamar de estilo bizantino.
No século VI, para combater a heresia do nestorianismo, o Patriarca de Alexandria,
Dióscoro, desenvolveu o monofisismo, formulação teológica também condenada pela
Igreja Católica e muito ligada a ideais de emancipação política no Egito e na Síria.
Desencadearam-se então movimentos de perseguição aos monofisistas, protegidos, no
entanto, pela esposa de Justiniano, a atriz Teodora. Buscando manter a unidade do
Império, Justiniano desenvolveu a heresia do monotelismo, uma tentativa de
conciliação entre o monofisismo e o nestorianismo.
O cesaropapismo de Justiniano, que inclusive muito marcou o Império Bizantino,
gerava distúrbios na ordem e insatisfação da população, já indignada com a cobrança
abusiva de impostos. Em 532, estourava a Revolta de Nika, sufocada completamente
pelo general Belisário após oito dias.
Justiniano ainda se viu às voltas com terremotos, fome e a grande peste de 544. Após
sua morte, os lombardos, até então estabelecidos na Panônia como aliados, invadiram, em 568, a Itália setentrional. Os bizantinos mantiveram ainda o Exarcado de Ravena,
os ducados de Roma e Nápoles, a Ístria, a Itália Meridional e a Sicília.
Os Justinianos ainda enfrentaram as investidas do Império Persa Sassânida, no
Oriente, e dos ávaros, no norte. Para tanto, deixaram para segundo plano a proteção
dos territórios conquistados na Espanha, no norte da África e na Itália, o que facilitou a
posterior fixação, nestas regiões, dos maometanos e dos Estados da Igreja.
Dinastias Julio-Claudiana
De 477 a 491, a dinastia Julio-Claudiana-Sarzi, Nero I codinome o Verdadeiro, depois a
dinastia de Leonina com a morte do Imperador Basilisco e com o pretexto de que foi
proclamado rei pelo povo e abençoado pelos deuses, se tornou rei, mas foi deposto por
Anastácio I, não foi exilado por ter usado o pretexto de que foi abençoado por Deus, e
por ser da Casa de Sarzi a casa da família mais rica do Império Romano e Bizantino
etc; com uma fortuna de 3 milhões de libras.
Dinastias Gregas
As três dinastias gregas constituíram uma fase obscura do Império Bizantino.
Coube a Heráclito (610-641), primeiro imperador da dinastia Heráclida (610-717),
restaurar o Império. Quando ele subiu ao trono, os Persas estavam na ofensiva, e já
haviam ocupado boa parte da Ásia Menor, Síria, Palestina e Egito. Haviam inclusive
roubado as relíquias da Vera Cruz de Jerusalém, e atravessaram a Anatólia para se
estabelecerem Crisópolis, em frente da capital imperial.
O novo Imperador reorganizou
o exército e apresentou o combate aos Persas como uma cruzada, para recuperar a
Santa Cruz das mãos pagãs. Em 628, atacou os persas no coração de suas terras e
venceu, recuperando a Santa Cruz de Ctesifonte. O Império Sassânida foi finalmente
detido, e o Império Bizantino pôde então recuperar o Egito, a Síria e a Palestina. Mas
não tardaram em perdê-los, desta vez para os muçulmanos, que se expandiam desde
622, sob Maomé. Em 636, perderam Damasco, e, com ela, toda a Síria. Em 642,
perderam também o Egito. No califado de Omar (634-644), perderam ainda várias
regiões da Palestina.
O reinado de Heráclito ainda foi marcado pela troca do latim pelo grego como língua
oficial, e o título do Imperador passou a ser Basileu (Rei, em grego), em vez de
Imperator.
Com a finalidade de proteger seu Império dos ataques islâmicos, além dos búlgaros e
eslavos, Leão III (717-741), primeiro imperador da dinastia Isáuria (717-820
substituiu as províncias pelos Temas, circunscrições militares chefiada cada qual por
um estrátego, subordinado diretamente a Constantinopla e sempre um general
altamente graduado. A ele cabia a suprema administração civil, judicial, militar e
financeira de seu Tema. Essa nova organização desencadearia posteriormente um
crescimento exacerbado dos poderes locais, constituindo inclusive um dos fatores da
derrocada do Império.
Leão III também estabeleceu, em 730, o iconoclasmo, recrudescido no governo de seu
filho, Constantino V (741-775). As querelas do iconoclasmo geraram verdadeiras
guerras civis, que só arrefeceram no final da dinastia Amória (820-867) e na dinastia
Macedônia (867-1056).
A dinastia Macedônia (867-1056)
Na dinastia Macedônia, deu-se a segunda fase de apogeu do Império. Especiarias,
seda, pedras preciosas, além de variados vasos chineses não chegavam à Itália sem
antes passar por Constantinopla.
Notável foi também à influência cultural que Bizâncio exerceu sobre o Ocidente, já sentida sob Carlos Magno, quando construiu, na França,
diversas igrejas em estilo bizantino.
Os Macedônios ainda conquistaram a Sicília e algumas ilhas do Mediterrâneo oriental,
como Creta e Rodes, além de terem finalmente batido os búlgaros no nordeste dos
Bálcãs.
Para conter o fortalecimento dos poderes locais, foi organizado um novo código
legislativo: a Basílica, que combatia inclusive a tomada das pequenas propriedades por
parte dos latifundiários. No entanto, o poder central continuou a enfraquecer nos
séculos seguintes.
A derrocada
Com a queda da dinastia Macedônia, iniciou-se um período difícil, marcado por
agitações militares.
De 1059 a 1081, estendeu-se à dinastia dos Ducas. Em 1081, Aleixo Comneno tornouse
imperador, dando início à dinastia dos Comnenos (1081-1185), marcada pela
invasão dos sérvios e petchenegues, nos Bálcãs, dos seldjúcidas, no Oriente, e dos
normandos, que ocuparam a Sicília. Constantinopla chamou em auxílio então os
venezianos, que, após combaterem os normandos nos Bálcãs, ocuparam Creta e
outras ilhas do Egeu, além de terem obtido isenções alfandegárias junto a
Constantinopla.
Tais privilégios fiscais arruinavam as finanças do Império. Então os Ângelos (1185-
1204) os anularam. Em retaliação, os venezianos empurraram a Quarta Cruzada para
Constantinopla. A sede do Império foi então trasladada para Nicéia.
Nesse período, várias províncias se desligaram, algumas por sublevações e outras
conquistadas por Estados estrangeiros. Assim surgiu o Estado de Trebizonda, que se
manteve independente até 1461.
Na dinastia dos Lascáridas (1204-1258), Constantinopla reconquistou a Trácia e várias
regiões da Macedônia, do Épiro e da Tessália.
No entanto Constantinopla só foi reconquistada em 25 de julho de 1261, na dinastia
dos Paleólogos (1258-1453), com o apoio dos genoveses.
Assim, venezianos e genovesas entravam e saíam de Constantinopla sem pagar nada,
o que contribuiu imensamente para o enfraquecimento do Império.
A crise aumentava
com as constantes lutas intestinas, geradas pelo fortalecimento dos poderes locais
frente ao poder central e pelos conflitos religiosos.
Em 1453, o Império Bizantino caía sob o ataque dos turcos otomanos.
Apogeu
Contudo, o Império sobreviveu, graças aos disciplinados exércitos, ao emprego do fogo
grego nas batalhas marítimas e a bons imperadores e generais. Entre os séculos VII e
IX desenvolveu-se o movimento iconoclasta, que condenava o culto das imagens.
Vários imperadores iconoclastas enfrentaram problemas internos, resultantes de uma
população que não aderia ao movimento religioso. Já contra os Árabes, os imperadores
deste tempo conseguiram manter seus territórios e se defender relativamente bem
contra os inimigos.
Em 867 sobe ao trono Basílio I, dando início à Dinastia Macedônica, que levaria o
Império ao auge. Muitas vitórias foram obtidas frente aos Árabes, Eslavos, Búlgaros.
Basílio II, que governou de 976 a 1025, iria completar a expansão do Império. Ele
prejudicou os grandes proprietários rurais em favor dos camponeses e venceu de uma
vez por todas a Bulgária, incorporando-a ao Império e recebendo a fama de
Bulgaroctonos (Mata-Búlgaros). Vence os Normandos em Canas e restabelece a
autoridade imperial na Apúlia.
A maré de sorte do Império, entretanto, parecia ter acabado.
O imperador Romano
Diógenes IV foi vencido e capturado pelos turcos seljuques em Manzikert. Essa batalha marca a desintegração do sistema defensivo que durante séculos protegeu a Ásia
Menor e a entrada dos turcos na península anatólica. Com isso o Império perde até um
terço de sua população e recursos.
Por mais que a dinastia subseqüente, aquela dos Comneni, tente recuperar o Império,
ataques do ocidente e do norte e a própria sorte dos imperadores impede isso. A Itália
estava definitivamente perdida. O declínio do Império veio acompanhado de uma
subserviência comercial aos interesses ora de Veneza (com a qual o próprio Basílio II
assinou um tratado), ora de Gênova, até que finalmente Veneza desvia a IV Cruzada
para Constantinopla, que cai frente aos cruzados em 1204.
Declínio
Três Estados com governantes bizantinos surgiram depois da primeira "queda" de
Constantinopla:
* O Império de Nicéia
* O despotado do Épiro
* O Império de Trebizonda
Destes, é o Império de Nicéia que é considerado o verdadeiro sucessor. Governado por
imperadores fortes e bons, se tornou à primeira potência territorial na Ásia Menor. A
agricultura se desenvolveu, assim como o comércio, e várias cidades na Europa foram
recuperadas. Os Paleólogos faltando com o seu juramento de lealdade assassinaram o
legítimo imperador e depuseram a dinastia dos Vatatzes-Laskaris, esta dinastia ainda
hoje existe sendo representada por Sua Alteza Dona Maria José Barbara. Miguel VIII
Paleólogo fez uma aliança com Gênova (desnecessária) e conseguiu reconquistar a
antiga capital do Império Bizantino no dia 25 de julho de 1261.
Contudo a dinastia dos Paleólogos não conseguiu recuperar a antiga glória imperial. A
retirada de tropas da Ásia para a defesa e reconquista da Europa abriu caminho para
os vários emirados turcos, inclusive aquele dos Otomanos, se instalarem em antigos
territórios do Império de Nicéia.
Sem os territórios asiáticos e com a colonização comercial de Veneza e Gênova, o
destino do Império estava selado. Especialmente prejudicial era colônia genovesa de
Pera, que, instalada de frente a Constantinopla, do outro lado do Chifre de Ouro,
dominava o comércio local, importante para os bizantinos. Apesar de várias tentativas
de obter apoio ocidental, culminando com a promessa de união entre as Igrejas de
Roma e de Constantinopla, no Concílio de Ferrara/Florença, poucos foram os
resultados. A cruzada pregada pelo papado para o resgate da Nova Roma foi vencida
pelos otomanos. A viagem do imperador João VIII ao Ocidente não rendeu frutos,
apesar dele ter sido muito bem tratado nos reinos ocidentais.
Consequências
A queda de Constantinopla significou a perda de um posto estratégico do cristianismo
que assegurava o acesso de comerciantes europeus em direção às rotas comerciais
para a Índia e a China, sobretudo comerciantes venezianos e genoveses. Com a
dominação turca, a rota entre o Mediterrâneo e o Mar Negro ficou, senão bloqueada
aos navios cristãos, ao menos dificultada. Isto impulsionou uma corrida naval em
busca de uma rota em direção à Índia através do Oceano Atlântico, contornando a
África. Espanha e Portugal rapidamente tiraram vantagem de sua posição geográfica
para dominar as novas rotas.
No final do século XV, financiado pelos reis de Espanha,
Cristóvão Colombo partiu para uma ousada tentativa de alcançar a Ásia em uma nova
rota através do oceano, para oeste, descobrindo um novo continente, a América, descortinando um novo mundo para os europeus. Se por um lado significou um novo
mundo para os europeus, este mesmo processo de fechamento do comércio por meio
do mar mediterrâneo, no qual turco-otomanos (árabes) impediram o avanço europeu,
fez com que toda região balcânica se tornasse mais dependente ainda da produção
individual, juntamente com a península itálica. Portanto, esse é um dos fatores que
impulsionaram o feudalismo. Tão óbvia é essa afirmação pois se os árabes se tornaram
grandes comerciantes por interligarem o extremo oriente ao contexto do ocidente
europeu por meio das rotas da seda, e baseando-se no fato de que dois corpos não
ocupam o mesmo lugar no espaço, essa região só poderia compreender ao Império
Bizantino, pois este só conseguiu sobreviver durante as invasões bárbaras por terem
um comércio forte, o qual foi à base do renascimento comercial e urbano.
Fonte: http://www.colegioacademia.com.br/admin/professores/arquivos_upl/7_aulas_34.pdf
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